terça-feira, 25 de junho de 2013

Se transporte fosse gratuito, isso beneficiaria os mais ricos

É espantoso que estejamos fazendo no Brasil o debate sobre a “gratuidade” do transporte público, coisa que não existe em nenhum país do mundo


É reduzidíssima a parcela de pessoas que pagam a tarifa cheia de transporte — deve ser uma minoria. Senão vejamos:

Os estudantes, como todos sabem, têm direito à meia passagem, em qualquer fase da vida escolar. Tanto estudantes ricos como pobres gozam desse benefício. Um privilégio econômico, pecuniário, que atende tanto a pobres como ricos é socialmente injusto por definição. Não sei o número, mas imagino ser perto de milhão os usuários que já pagam meia, só em São Paulo.

Vejam outra categoria: as empregadas domésticas. Qualquer empregador sabe que elas cobram, vamos dizer assim, “por fora” o valor da condução. No passado, buscaram se proteger das elevações de tarifa e transformaram a prática num “direito”. Se o transporte passasse a ser gratuito, seus patrões é que se beneficiariam, não elas próprias. Porteiros e faxineiros também costumam combinar com os respectivos condomínios o pagamento integral do transporte.

Para os demais trabalhadores com carteira assinada, existe o vale-transporte. O empregador arca com as despesas de transporte do trabalhador, podendo descontar, no máximo, 6% de seu salário-base com essa despesa. Alguém que ganhe R$ 1.000 por mês, por exemplo, gastará com deslocamento, no máximo, R$ 60. É o patrão que paga o excedente. Assim, uma empresa com 1.000 empregados economizará perto de R$ 100.000 por mês, isto é, cem mim reais por mês a mais no bolso do patrão.

Assim, o que parece ser uma reivindicação realmente radical, coisa que vai beneficiar o povo pobre, é, na prática, uma falácia, uma enganação. Se o transporte for gratuito, os maiores beneficiados serão os mais endinheirados. E a conta, claro!, cairá nos ombros do próprio povo. Ou alguém me diga de onde o Estado tira os recursos para arcar com esse custo. Estado gere, mas não gera dinheiro.
De um colaborador, inspirado num artigo de Reinaldo Azevedo

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